Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?
Afinal, viemos ou não viemos dos macacos?
Não venho aqui com argumentos científicos nem com a intenção de tratar da origem das espécies. Apenas um dia desses, no mês de julho do ano de 2014, senti um prego bater na minha mão, e senti sua dor rasgando a minha carne!
Essa é a residência do Dário e da Josefina, lá no Mercador-Pio IX-PI. Vendo a foto assim, sugere-se que eu esteja muito a vontade nesse cumprimento caloroso.
Ao ser abordada na porta da casa, segurei a mão desse indivíduo e fiz boa vizinhança, mas certa de que se tivemos um ancestral em comum, isso não contaria num tête-a-tête. Possíveis ataques-defesas poderiam surpreender a minha pessoa demasiadamente humana.
Dito e feito, com seus afiados dentes ele me mordeu! E mordeu mais uma meia dúzia de humanos demasiadamente humanos.
Mas essa história levou alguns meses para ser escrita.
Ouvi os proprietários da casa contarem: - Um dia chegamos da feira e a casa tava revirada. O teto destelhado, o liquidificador fedendo a queimado, e os depósitos de mantimentos mordidos e destampados. "Demo dicumer a esse bicho infeliz desde o dia que chegou aqui, mas se num levarem ele, num sei não!"
Essa é a residência do Dário e da Josefina, lá no Mercador-Pio IX-PI. Vendo a foto assim, sugere-se que eu esteja muito a vontade nesse cumprimento caloroso.
Ao ser abordada na porta da casa, segurei a mão desse indivíduo e fiz boa vizinhança, mas certa de que se tivemos um ancestral em comum, isso não contaria num tête-a-tête. Possíveis ataques-defesas poderiam surpreender a minha pessoa demasiadamente humana.
Dito e feito, com seus afiados dentes ele me mordeu! E mordeu mais uma meia dúzia de humanos demasiadamente humanos.
Mas essa história levou alguns meses para ser escrita.
Ouvi os proprietários da casa contarem: - Um dia chegamos da feira e a casa tava revirada. O teto destelhado, o liquidificador fedendo a queimado, e os depósitos de mantimentos mordidos e destampados. "Demo dicumer a esse bicho infeliz desde o dia que chegou aqui, mas se num levarem ele, num sei não!"
A ameaça estava declarada! Dar abrigo a um macaco não é tarefa fácil! Tanto não é que o destino dessa criaturinha foi jogado numa roleta, onde todos perderam suas apostas.
Não foi difícil convencer o inocente a entrar na jaula, que já lhe parecia familiar. E pude indagar sobre a sua origem, enquanto o levava para o polo universitário onde trabalho.
"Os macacos-pregos são animais primariamente arborícolas, mas são muito adaptáveis e oportunistas, e podem viver em ambientes extremamente perturbados pelo homem, sendo encontrados, inclusive, em ambientes altamente industrializados e urbanizados. Ocorrem no continente sul-americano, e duas espécies são endêmicas do Brasil. São encontrados desde a bacia Amazônica até o sul do Paraguai e norte da Argentina e por todo o Brasil. Por esses territórios, habita uma ampla variedade de formações vegetais, desde as florestas úmidas da Amazônia e Mata Atlântica, até áreas mais secas, como a Caatinga e o Cerrado, assim como o Pantanal, e o Chaco seco na Bolívia e Paraguai" - http://pt.wikipedia.org/wiki/Sapajus.
Sempre tivemos notícias de bandos nos interiores de Pio IX-PI, desafiando as plantações de caju. Muito hábil com as mãos, eles quebram as castanhas usando pedras e pedaços de pau, irritando os plantadores pelo prejuízo na lavoura.
Usurpado da natureza, esse preguinho das fotos foi criado domesticamente, e depois dispensado do convívio de uma, duas, três famílias de humanos. Até ser jogado na mata seca, sem nenhum processo de reeducação. Assim passou a incomodar os moradores, invadindo as residências das localidades de Mercador, Boqueirão, Vertentes etc, no município de Pio IX.
Foi nesse contexto que o encontrei. Achando ser simples o contato com os órgãos responsáveis pela preservação ambiental no Piauí, e com o intuito de garantir-lhe um lugar seguro, fiquei com essa adorável criatura por mais de três meses, aguardando o resgate.
Sofri com sua carência, seu desejo de colo, sua vontade de ser livre. Observei seus desejos e necessidades, suas intenções e preferências, sua capacidade de sofrer e sentir prazer. Sua traquinagem, sua auto-defesa, sua genialidade, sua bagunça e destruição. Fui apedrejada, mordida, me vacinei, senti medo! Tomei chuva ao seu lado pra não deixá-lo só, me irritei, perdi sono, chorei, sorri...
Não foi difícil convencer o inocente a entrar na jaula, que já lhe parecia familiar. E pude indagar sobre a sua origem, enquanto o levava para o polo universitário onde trabalho.
"Os macacos-pregos são animais primariamente arborícolas, mas são muito adaptáveis e oportunistas, e podem viver em ambientes extremamente perturbados pelo homem, sendo encontrados, inclusive, em ambientes altamente industrializados e urbanizados. Ocorrem no continente sul-americano, e duas espécies são endêmicas do Brasil. São encontrados desde a bacia Amazônica até o sul do Paraguai e norte da Argentina e por todo o Brasil. Por esses territórios, habita uma ampla variedade de formações vegetais, desde as florestas úmidas da Amazônia e Mata Atlântica, até áreas mais secas, como a Caatinga e o Cerrado, assim como o Pantanal, e o Chaco seco na Bolívia e Paraguai" - http://pt.wikipedia.org/wiki/Sapajus.
Sempre tivemos notícias de bandos nos interiores de Pio IX-PI, desafiando as plantações de caju. Muito hábil com as mãos, eles quebram as castanhas usando pedras e pedaços de pau, irritando os plantadores pelo prejuízo na lavoura.
Usurpado da natureza, esse preguinho das fotos foi criado domesticamente, e depois dispensado do convívio de uma, duas, três famílias de humanos. Até ser jogado na mata seca, sem nenhum processo de reeducação. Assim passou a incomodar os moradores, invadindo as residências das localidades de Mercador, Boqueirão, Vertentes etc, no município de Pio IX.
Foi nesse contexto que o encontrei. Achando ser simples o contato com os órgãos responsáveis pela preservação ambiental no Piauí, e com o intuito de garantir-lhe um lugar seguro, fiquei com essa adorável criatura por mais de três meses, aguardando o resgate.
Sofri com sua carência, seu desejo de colo, sua vontade de ser livre. Observei seus desejos e necessidades, suas intenções e preferências, sua capacidade de sofrer e sentir prazer. Sua traquinagem, sua auto-defesa, sua genialidade, sua bagunça e destruição. Fui apedrejada, mordida, me vacinei, senti medo! Tomei chuva ao seu lado pra não deixá-lo só, me irritei, perdi sono, chorei, sorri...
Até que finalmente o Ibama chegou para fazer aquilo que eu sempre soube ser inadequado: soltá-lo na natureza.
Sem o acompanhamento de um especialista, para seguir toda a complexidade técnica e científica necessária para esta reintrodução, o macaco foi levado para a cidade de Guadalupe-PI, onde há ilhas formadas pelo lago da Usina Hidrelétrica da Boa Esperança.
Sem o acompanhamento de um especialista, para seguir toda a complexidade técnica e científica necessária para esta reintrodução, o macaco foi levado para a cidade de Guadalupe-PI, onde há ilhas formadas pelo lago da Usina Hidrelétrica da Boa Esperança.
Nunca saberemos seu fim, mas estará lutando entre os seus para sobreviver.
Um trabalho de informação, sendo assim, educando e mostrando caminho. Lindo trabalho, inclusive o literário.
ResponderExcluirPreciso de empurrão pra me dedicar mais a escrita.
Excluirque triste fim do macaco espero q esteja bem.
ResponderExcluircriar macaco é um trabalho herculano, vc fez o melhor q pode
Olá, sou estudante de biologia e gostaria de usar suas fotos em um trabalho! Como devo citar seu nome como proprietária das fatos?
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