sábado, 30 de julho de 2011

Mina de Mármore de Pio IX

MINA DE MÁRMORE DE PIO IX - PI

http://www.cidadeverde.com/pio-ix-possui-uma-das-melhores-e-mais-belas-jazidas-de-marmore-do-brasil-81653














































MINA DE MÁRMORE – FAZENDA QUIXABA – REGIÃO LESTE DO MUNICÍPIO DE PIO IX-PI, extremando com a região sul do Ceará. Localizada à extremidade ocidental da unidade geomorfológica da Chapada do Araripe. Dentro da Área de Proteção Ambiental - APA.
O município de Pio IX é dotado de potencial geológico no que se refere a mineração para construção civil – calcário e rochas ornamentais.  As publicações com detalhamento dos jazimentos minerais, no que se refere a viabilidade técnica, econômica e ambiental, são escassas. Poucos trabalhos científicos abordam sua aptidão para aplicação na construção civil, na fabricação de cimento, fertilizantes, cerâmica etc. Mas embora não tenha sido medido e/ou socializado, o potencial aparente da “Mina de Mármore” de Pio IX é de grandes dimensões, representando as rochas ornamentais e materiais de revestimento mais importantes do estado do Piauí, capazes de receber polimento e resultar numa variedade de cores e texturas, que as tornam rentáveis na indústria.
Entretanto ao longo dos anos vem sendo desperdiçadas as potencialidades do setor, regra geral com empresas privadas ocasionando a inutilização de blocos de mármore extraídos sem cuidados necessários à sobrevivência do material. Verificam-se problemas como erosões, desmoronamentos, alteração e diminuição das áreas de vegetação, assoreamentos, entulhamentos, etc.
Localizada na Fazenda Quixaba e no povoado Sobrado, o último grupo empresarial a explorar a jazida de mármore foi o Granistone, do Ceará. O proprietário da Granistone, Júlio Sarmento, disse em matéria publicada do dia 27/12/2004 que já havia investido R$ 4 milhões na mina de mármore de Pio IX e pretendia investir mais R$ 15 milhões. Ele disse também que desde 1991, compra o mármore de Pio IX e descobriu que o rejeito do produto poderia ser mais bem aproveitado, o que seria feito ao instalar sua mineradora no local.
Não se sabe ao certo quais os resultados das pesquisas feitas pelo grupo, suas referências sobre valor de mercado, e nem temos respostas sobre as tramitações de projetos junto a organismos financiadores. Porém o que se tem de testemunho, desde a FLACOL (BA – década de 80) até a Granistone (CE – década atual), é o uso indiscriminado da matéria prima, sem bônus positivo para o município.
A população não sabe sequer como são feitas as CONCESSÕES DE LAVRA. Segundo publicações no Diário Oficial foi a FLACOL a empresa que concedeu prévia anuência ao ato de Cessão e autorizou averbação da transferência da Concessão de Lavra a GRANISTONE S/A. E temos notícias que a Granistone em 2007 lançou no EUA o granito chamado CAPLAVOURO eleito o mais bonito do ano, de uma jazida localizada nesse exato município de Pio IX, na fazenda Quixaba.
Enfim a “Mina de Mármore” de Pio IX sempre foi e continua sendo uma questão polemizada entre os moradores do município. A apropriação de tais recursos, sempre motivadas por interesses particulares, contrária aos interesses públicos, sempre incitou uma problemática de caráter social. E os questionamentos continuam seguindo a mesma lógica social:
    Como a população se insere ou é inserida na dinâmica do miralnegócio?
   Quais os impactos sociais da extração mineral em torno dos aspectos econômicos, sociais, ambientais e institucionais?
    Qual a viabilidade de implementação do projeto de aproveitamento econômico da jazida pelos grupos privados, dentro da perspectiva do desenvolvimento sustentável e da legislação ambiental?
    O mineralnegócio tem criado oportunidade de crescimento e desenvolvimento para o município e para a sociedade ou apenas legam o ônus do esgotamento mineral, da devastação ambiental e das doenças ocupacionais?
·         Quais os impactos sobre a identidade paisagística da região?
Enfim, considerando que são as necessidades sociais que tornam os elementos naturais em bens econômicos, a preocupação de alguns membros da população está focada na realidade da região das minas, a fim de resolver problemas concretos com o objetivo de contribuir para a sobrevivência dos moradores da região.
Se os gestores municipais e do Estado buscassem desenvolver um trabalho embasado na demanda social, se revelaria algumas soluções possíveis para alguns aspectos de ordem social e econômica, visando promover a cidadania através da valorização e resgate social de pessoas em estado de vulnerabilidade, preparando moradores da região das minas para o mercado, assegurando uma perspectiva de renda a partir do artesanato em mármore e granito, por exemplo.
O governo do Estado poderia desenvolver e apoiar um empreendimento associativista, que se dedicasse a uma atividade baseada na produção sustentável, em suas dimensões econômica, social e ambiental. Isso mitigaria os problemas gerados em mais de quarenta anos de exploração aleatória, e traria como resultado imediato, a geração e complementação de renda para a uma população extremamente carente e que vive numa das regiões mais áridas do estado do Piauí.

VEGETAÇÃO DA REGIÃO DAS MINAS
A região das Minas no município de Pio IX restringe-se ao Semiárido do Piauí. Espaço geográfico formado por rochas cristalinas, relevo ondulado, solos pouco espessos, clima seco e poucos cursos d’água perenes. Não é preciso ter muito conhecimento da geodiversidade dessa região para identificar as aptidões e restrições de uso do seu meio físico, bem como os impactos advindos de seu uso inadequado.
De vegetação arbustivo-arbórea, e raramente arbórea, adaptadas para conter os efeitos de uma evaporização intensa, a paisagem do semiárido é representada por diversas espécies de cactáceas: mandacarus, coroas-de-frade, facheiros, xique-xiques etc., que mantem o verde mesmo nos períodos de crises climáticas, quando a mata mostra-se totalmente cinza, perdendo o verde exuberante dos tempos chuvosos, e guardando sua flora para um novo e certo rebrotar.
Área agricolamente pouco propícia, e/ou com restrições à instalação de atividades nesse campo, as matérias primas da mina poderiam contornar certas questões, agregando valores à região, acarretando transformação da riqueza local em melhor qualidade de vida para a população e para o município.

A FÁBRICA DE CIMENTO ITAPISSUMA e OS MORADORES DA REGIÃO DAS MINAS
Os moradores da região das minas – localidades de Coroatá, Quixaba, Sobrado, Pau-Ferro e outras - nascidos e criados na roça, plantando milho e feijão para sobrevivência, são atualmente em grande parte funcionários da Fábrica de Cimento Itapissuma, do Grupo João Santos, que explora o calcário da região. Com previsão de esgotamento da matéria prima para até um século à frente, a fábrica é uma faca de dois gumes. Ao tempo que oferece renda fixa, o trabalho expõe os habitantes à inalação constante de substâncias tóxicas de graves riscos à saúde, gerando grande desconforto respiratório e tornando todo o ambiente insalubre. Além disso, as áreas de empréstimo de terra usadas para a extração do minério e fabricação do cimento comprovam a rapidez da degradação da vegetação original.
 No entanto é dessa renda que se vale a população local, e é o que minimiza a famosa “diáspora” dos nordestinos, que atravessam os períodos de estiagem prolongada, essencialmente à custa dos programas federais (Bolsa Família, Seguro Safra, e das Operações Carro-Pipa, coordenada pela Defesa Civil e pelo Exército).
Mesmo a água dos poços artesianos é uma incógnita para o catingueiro dessas localidades.  Perfurados em áreas sedimentares ou em terrenos cristalofilianos, mesmo quando raramente dotados de uma vazão razoável, os poços apresentam águas salobras, com salinidade total, de difícil ou quase impossível aproveitamento para uso particular ou público. O uso de dessalinizadores (instalados) não tem viabilizado o seu aproveitamento, sem explicação apropriada para esta pesquisa.

ALTERNATIVAS DE RENDA NA LOCALIDADE DE PAU FERRO – TRANÇADOS EM FIBRAS VEGETAIS DE CAROÁ - ARTE SECULAR.











 Dona Doca





VEREDA ADENTRO - uma dessas histórias de amor; Retrato de uma das formas inteligentes de sobrevivência do povo do semi-árido.
Quando comecei a indagar o pessoal nascido em Pio IX, sobre suas formas de sobrevivência - da década de 20 a década de 50 - encontrei de um extremo ao outro do município uma atividade comum, que auxiliava na renda familiar. E passei a seguir essas marcas. Foi aí que na curva dessa vereda avistei um ‘Sobrado’, e depois do Sobrado o ‘Pau-ferro’.
No Pau-ferro o povo não fala, canta! Dá a impressão de que saímos de território piononense, pela estranheza lingüística do lugar, que fica há 20 km da cidade.
Com as lentes fotográficas fazendo esse intermédio passei a dialogar com esse universo. E pude observar que, por todos os cantos e recantos que eu passava, sempre encontrava alguém usando um patuá de caroá - seja um pescador, seja um caçador, e principalmente o homem da roça. Lembrei que na despensa do meu pai tem um pendurado. Essa era definitivamente uma expressão entrançada na vida dos habitantes dessas paragens.
Buscando descobrir onde ainda se fazia aquilo nos dias de hoje é que cheguei ao Pau Ferro; e atenta a fala cantada daquela gente descobri a importância dos trançados na história de sobrevivência do meu povo.
“- As trança era o pão da gente. Foi o que nos ajudou a botar 
comida em casa. Quem não fazia passava precisão.” 
(Raimunda Ana de Jesus Carvalho – Doca/ nascida em 1949)
Importância essa que se encontra amordaçada pelo preconceito, fruto da desvalorização do ofício. Nunca encontrei uma tranceira que não vibrasse de emoção ao falar da arte.  Seus filhos (filhas), no entanto expõem uma insatisfação (talvez não descabida) diante do assunto. Alguns deles desempregados, outros trabalhadores (as) da roça (às vezes em terras alheias). Uns poucos, funcionários da fábrica de cimento. Uma das filhas de Antônia Joana de Morais (Tuninha/64 anos) reclama a dureza dos espinhos do caroá que fere as mãos da sua mãe. Ninguém menciona as doenças crônicas pulmonares de caráter irreversível e progressivo que assolam os moradores daquela região, provocadas pelo amianto.

Um dia visitando a fábrica, assisti um funcionário (com salário em dia, é claro!) aparando os sacos de cimento que desciam por uma espécie de tobogã e transportando para dentro da carroceria do caminhão. O peso do saco tombava na cabeça do indivíduo e o cobria com uma nuvem cinza; senti náuseas ao assistir aquele veneno invadindo as narinas do cidadão. Eu me perguntava então, quais os ossos desse ofício que aliviam o peso dos tiradores de caroá? Não foi difícil de responder, a fábrica representa renda certa no final do mês!
“- Antigamente nós era obrigada a fazer para comprar o pão pra comer,
pois não tinha outro mei de vida. A primeira chinela que  eu comprei
pra mim foi com um jogo de surrão que vendi por dez tões.
Comprei uma roupa, um chinelo, e fui à pé passar o natal em Pio IX.
Lá ainda comprei um saco de coisas e vim com ele na cabeça.
Os pai num botava os fie na escola purque num pudia,
então butava nós pra aprender a fazer trança.”

Pois é, atualmente, em pleno século XXI, seria impossível sobreviver fazendo trança de caroá! Embora o que pareça mesmo impossível é dar um "delete" em uma arte que resiste a séculos, disseminada não apenas no imaginário do nosso povo, mas "plantada" na sua realidade cotidiana. O trançado de fibras de caroá ainda respira a sua importância - em focos isolados é verdade - mas bem vivo, resistindo bravamente.














Obs: Esse saco chamado bornó (embornal) ou patuá tem vida longa, não se desmancha com facilidade, e pode com carga pesada. Principal artigo vendido na atualidade por Doca (do Pau Ferro). Já os surrões (sacos de guardar feijão - abaixo) perderam definitivamente sua utilidade, substituídos por tubos de zinco, e por garrafas pet.












Obs: Antigamente as crianças usavam os surrões nas suas brincadeiras de esconde-esconde.




FAZENDA ALECRIM – PI (Divisa do Piauí com o Ceará)










Casa de Bárbara de Alencar




Considerada por historiadores como a Primeira Presidenta do Brasil, a heroína Bárbara Pereira de Alencar, morreu aos 72 anos (depois de várias peregrinações em fuga da perseguição política) na Fazenda Alecrim, no hoje município piauiense de Fronteiras, nessa dita região "das minas". Foi sepultada no interior da pequena igreja de Nossa Senhora do Rosário, no distrito de Itaguá, a 10 quilômetros da sede de Campos Sales, Ceará (antigo Poço Pedras). http://osrascunhos.blogspot.com.br/2011/01/artigo-barbara-de-alencar-primeira.html

sexta-feira, 29 de julho de 2011

sublevação na olaria

 - E aí, vamos levar um papo? Um tijolinho aqui, um tijolinho ali...
- Qual é, tá me estranhando? Eu não sou pro teu bico!

- Ei, calma aí! Pra que brincar de gato e rato, se podemos fazer coisa melhor?!
- É, pois que tal brincar de "Tapa de Gato", quer?

- Ah!Ah!Ah!, sei sei. Você dar o tapa e esconde as unhas.

- Vou te mostrar como é que é, seu louro tagarela.

- Arre égua! Curupaco, curupaco papaco!

- Qual é! Não tem pena não, é!?
- Pena, eu!? Tu já viu gato com pena? E sai pra lá, seu cara de bandeira do brasil!
- Deixa eu te contar um segredinho, vai!.

- Então, o que você acha, quer experimentar?
- Hum!

- É isso aí! Relaxa bichano.

- Tu pode até não ter pena, mas que é pro meu bico, lá isso é!
Pode ronronar, pode ronronar!

- Miau miau miauuuuuuuuuuu!
- Isso, deita e rola!

- Ahhhhh gatinho safado!

E assim... tijolo por tijolo num desenho mágico, o muro vai se formando. E como diz o poeta "Não há muro tão consistente que não possam atravessá-lo. a água o musgo o poema".


O oleiro
sob a supervisão do sol
Ergue pilhas de tijolos
O papagaio
Avesso ao gesto obtuso
Do muro que se forma
Sobe no batente
E soletra lições de ternura.

terça-feira, 19 de julho de 2011

sábia criação

Prefiro a minha terra sem palmeiras
onde o sabiá canta
no quintal da minha casa
no galho da goiabeira


Era uma vez...
No quintal de um velho  rabugento que gostava de cultivar árvores, um serzinho de cor parda e enferrujada. 
Cansado da difícil cata de alimentos na mata seca, o SABIÁ resolveu passar uma temporada naquela vida...


Comida fácil com cardápio variado


Mas não pensem que ali era propriedade privada dessa sábia criatura. Era preciso disputar o manjar com cobras e lagartos. Isso às vezes gerava um certo stress. E, de vez em quando era preciso ousar sentar na mesma mesa com seus concorrentes.


Mas bom mesmo era aquela piscina limpa, cheia, pronta para um mergulho seguro.



Aquele quintal lhe pareceu perfeito, principalmente quando percebeu ali, a espera, a sua cara metade.


Logo começaram juntos a construir o ninho para gerar a nova família



No dia 15 de janeiro nasceu o primeiro rebento


Não sei se a fome era tanta ou a paciência era pouca



Mas lá estava a mamãe com a minhoca no ponto... na ponta (do bico).


Depois que os três nasceram pequenas porções não mais satisfaziam


E às vezes a comida era tanta, que uma velha fotógrafa que por ali passava, inexperiente com a cria, não se conteve em puxar da boca do filhote aquela cobrinha exageradamente nutritiva.


Depois de barriga cheia o sono parecia dos anjos


E o tempo passou


E as penas cresceram


Na região do ventre começa a se destacar a coloração vermelho-ferrugem


Esse ninho já não me cabe mais. Vou aproveitar que meus irmãozinhos estão dormindo pra dar o fora. Não quero deixá-los tristes, mas tenho que partir, preciso ensaiar meus voos. 

- Ei, nosso irmão mais velho já se mandou!

- Ops! Parece que fiquei sozinho.

- Ai que solidão!

- Não sei se vou... ai ai ai, pena de deixar meu seguro ninho.

- Vou dar um pulinho no galho dessa árvore.


- Êpa! O mundo de gente grande é bom...vou voar por aí!




E assim a vida adulta chegou, para recomeçar um novo ciclo.


Publicação em outro site: http://www.fnt.org.br/ensaios.php?id=383
Sugestão de música:



COMO E PORQUE ME TORNEI A ROSA DA CAATINGA
Colecionando Figurinhas

Comecei minha coleção de figurinhas quando ainda menina (década de 80). Meus irmãos sempre me davam uma câmera descartável que recebiam no ato das revelações. Love! Era esse o nome da criatura. Talvez isso explique esse meu caso de Amor com a fotografia.
A Lulu (uma amiga de infância) me fez lembrar, outro dia, que saíamos, às vezes, fotografando a torto e a direito, pra só no final descobrirmos que não havia mais vaga no filme. Já nesse tempo o envolvimento com o fotografado se confundia com o desejo da fotografia. É claro que ainda não havia escolhido com quem casaria, mas os seres da caatinga já me assediavam.
Tempos depois me perguntaram o que era mais importante pra mim, se o ato de fotografar e a imagem adquirida, ou se os seres fotografados. Interpretei que a pergunta era “você é capaz de ameaçar a vida de um ser da caatinga em busca de boa imagem?” De súbito eu não soube responder. É tão compulsiva a trama fotográfica, que confesso já me levou a sacrificar alguns seres. Pra que eu fizesse a infância e adolescência dos sabiás com uma câmera compacta, por exemplo, incomodei ao extremo os bichinhos. Puxei uma cobrinha da boca de um filhote porque achei que a mãe havia exagerado na porção, quebrei alguns galhinhos da árvore pra facilitar um pouco minha visão, provoquei a morte de um filhote porque decidi trazê-lo pra passar um temporal dentro de casa, e por aí vai. Bom, é verdade que em contrapartida levei uns rasantes na cabeça da mamãe sabiá, que passou a me odiar. Levei bronca do velho e rabugento meu pai, por essa dedicada estupidez de fotógrafa que não respeita o resguardo de uma mãe, etc.
Tudo isso pode até levar a crer que a fotografia esteja acima dos fotografados. Porém mesmo sem querer falar de intenções, devo dizer que os efeitos da minha fotografia – coleção de figurinhas - têm sido muito mais benéficos do que maléficos. Na pior das hipóteses tem interferido no olhar sobre o valor estético da caatinga. Ver as crianças disputarem cada número da série de postais que a prefeitura distribuía num evento de idosos, me fez crer que nem só de Power Ranger vivem as criancinhas.
Mas o que realmente sei da importância desse trabalho é que, toda compulsão desaparece quando esses seres – da caatinga – saem do meu campo visual. Sou incapaz de dar um clic sequer diante das mais extraordinárias paisagens. Talvez a paixão esteja além da fotografia e dos seres fotografados. A minha fissura está em fazer da minha coleção um testemunho da felicidade possível dentro do contexto do semi-árido. É a felicidade, simples e óbvia, o meu foco. E se você acha impossível ver a felicidade, sinta! Já é o bastante!
Passei uma temporada em Teresina-PI, onde conclui minha primeira graduação, em história. Lá a chuva mete medo. Os trovões não dialogam, guerreiam! E corisco não perdoa! E quando voltei a Pio IX, no início da década de 90, subitamente percebi que os espaços geográficos, os biomas, os ecossistemas, seja lá qual for o nome que denomina o lugar onde vivemos, além das análises cientificamente geográficas, históricas, biológicas etc, devem ser descritos e/ou compreendidos dentro de uma responsável contextualização, sem descartar sua imensa subjetividade.
E foi imbuída do impacto dessa subjetividade, que eu passei a fotografar minha terra.
Não tenho, até hoje, nenhuma pretensão em vender ilusões, nem tão pouco de expor um quadro ‘real’, do que é o meu lugar, sob a pretensão dos estudos da pesquisa científica. Apenas sinto que esta é a terra que é minha, e a interpreto multifocalmente, e tanto quanto possível, apaixonadamente!!!